A primeira pergunta é lógica é “O que é um conteste?”.
Os contestes iniciaram-se aproximadamente a mais de oitenta anos atrás. O conceito foi desenvolvido como uma tentativa de melhorar a habilidade operacional dos Radioamadores.
Para o iniciante, um conteste não é nada mais do que uma operação programada para encorajar Radioamadores a contatar tantos quantos outros forem possível em um determinado período de tempo e freqüências. Contestes variam entre os nacionais, sul-americanos e internacionais como o CQWW.
Habilidade e conhecimento para operar em contestes são qualidades que vem somente com a
experiência. Enquanto muitos operadores tem “habilidade instintiva” (como pôr exemplo, capacidade de receber CW em velocidades altas ou muito altas, etc..), o meio mais rápido e eficiente para aumentar a sua habilidade é participando de contestes.
Desafortunadamente, contestes e operadores de contestes podem ser também muito intimidatórios. Em CW, aparentemente, centenas de estações estarão transmitindo no mínimo a 50 ppm (palavras por minuto). Observando o SSB, você ouvirá operadores de primeira linha trabalhando médias de 300 QSO´s (contatos) pôr hora.
O iniciante em conteste, observa tudo isto e pensa:
“ISTO NÃO É AMBIENTE PARA MIM!”.
O segredo de tudo é lembrar que o que cada Radioamador que você ouvir durante um conteste começou exatamente no mesmo lugar em que você está agora ! O Campeão dos anos 90 foi o principiante dos anos 70.
Vamos rever alguns
conceitos básicos da operação em contestes:
1. Transmita SEMPRE seu indicativo de chamada por inteiro quando chamando uma outra estação.
2. Precisão é mais importante do que velocidade. Entretanto, tente transmitir a menor quantidade de informação necessária para validar um QSO (contato) como definido pelo regulamento do conteste.
3. Treinar, treinar e treinar. Muitos participantes operam em velocidades baixas e são excelentes para que você possa afiar sua habilidade operacional.
4. Pratique fora dos contestes. Não existe substituto para melhorar suas habilidades em CW e/ou desenvolver bons ouvidos no SSB do que treino, muito treino.
5. Nunca se renda ou fique desanimado. Sucesso em contestes sempre será um termo relativo. A maioria dos participantes nunca vencerá. Mas você poderá se divertir muito tentando superar um escore anterior ou algum objetivo pessoal.
Serão os
contestes somente para poderosas estações?
Embora, como já dissemos anteriormente, os contestes possam ser intimidatórios, a resposta é absolutamente NÃO! Existem apenas uns poucos vencedores entre os muitos que participam de um determinado conteste. Como já foi dito milhares de vezes, existem somente uns poucos vencedores entre os milhares que participam de contestes.
Estabeleça um objetivo para si mesmo. Seu objetivo pode variar entre melhorar o seu escore do ano anterior até aumentar a sua velocidade de recepção. Se os contestes fossem somente para as estações poderosas eles simplesmente não existiriam.
Qual o tipo de rádio que se deve utilizar?
Embora não fazendo propaganda de nenhuma marca, dentre as muitas existentes no mercado, vamos enumerar os elementos básicos que um Transceptor deve possuir, especificamente
para contestes:
Nota do tradutor: Esse artigo foi traduzido da CQ e lá nos USA um equipamento com as características abaixo são baratos e comuns, portanto não fique desanimado.
1. Transmissão transistorizada, não necessitando de sintonia.
2. Digital
3. Interface para computadores (RS232)
4. Filtros opcionais
5. Reputação
6. RIT/XIT
7. DSP – Digital Signal Processor
8. VFO duplo
9. Seleção de atenuação da recepção
As vantagens e a utilização dos elementos acima citados serão discutidas posteriormente. Ao pensar em adquirir um equipamento, não se esqueça da velha propaganda de boca. Pesquise, pergunte aos mais experientes, procure saber os prós e contras do(s) equipamento(s) que pretende adquirir.
Contestes & Computadores
Uma segunda e importante aquisição em equipamentos, que tem crescido muito ultimamente é o COMPUTADOR.
A
mesma linha de raciocínio utilizada para a aquisição do rádio deve ser seguida para qualquer periférico da sua estação.
Uma estação de contestes sem um computador é quase como uma estação sem antenas!
Finalmente, existe uma enorme gama de acessórios (principalmente de fabricação caseira) que ajudam a definir uma estação de conteste.
Atente para questões como chave de antenas, acopladores, fones de ouvido, aterramento, proteção, etc...
Antenas, o que utilizar?
Antenas sempre serão uma boa adição para a sua estação, qualquer que seja a finalidade dela. A sua seleção depende de vários fatores como dinheiro, tempo e espaço. Mantenha a mesma filosofia que utilizou para escolher os outros componentes da sua estação. Esteja você interessando em Contestes, Diplomas ou Rodadas, o objetivo será sempre o mesmo: obter o melhor sinal possível.
Há muitos anos os
Operadores de Contestes tem liderado o campo das inovações e melhoramento de antenas. Embora a grande maioria dos Radioamadores disponha de recursos limitados, uma combinação de antenas dipolos bem ajustados e corretamente utilizados contam muitos pontos nos Contestes Nacionais e Sul-Americanos. No campo internacional, uma direcional tribanda para 10/15/20 metros e dipolos para 40/80 metros, em mãos experientes podem realizar feitos impressionantes. Uma outra alternativa é escolher uma única banda e concentrar todos os esforços nela.
Uma leitura em bons livros sobre antenas como o ARRL Antenna HandBook não somente é educativo, mas também fornece alternativas de baixo custo para o iniciante.
Em que categoria eu devo entrar?
A escolha de uma categoria para operação começa com a leitura e compreensão dos regulamentos dos Contestes. Eu, particularmente, sou um entusiasta pela
participação de iniciantes em operações de estações da categoria Multi-operadores. Se você tiver a sorte de conseguir a orientação de um operador mais experiente, melhor ainda.
Como conseguir uma boa pontuação com uma modesta estação?
A maior parte das boas estratégias na operação em Contestes fundamentalmente devem ser baseadas no bom senso. Infelizmente, nem todos terão a oportunidade de operar de uma “Super estação”.
A grande maioria dos competidores usam antenas direcionais tribandas e dipolos. A pergunta é: como se divertir operando uma modesta estação e como tirar o máximo proveito dela?
Para a maioria das pessoas, contestes é uma ocasião que nos permite operar rádio e ver o que podemos fazer. A questão da maximização da nossa pontuação começa com uma análise honesta da condição da nossa estação e das suas fraquezas.
Se você utiliza um dipolo em
40 metros, é muito difícil competir com as grandes antenas direcionais do início inferior da banda. Porém, percorrendo a banda de cima a baixo e contestando as outras estações que chamam geral (CQ) pode ser muito produtivo.
Segundo, a escolha da hora de operação é um ponto chave. Se você tem limite (s) de tempo para operação, tente escolher uma programação que combine esse seu período de operação com os períodos de boas aberturas de propagação na(s) banda(s) escolhida(s) para operação.
A utilização dos microcomputadores tem ajudado tremendamente no processo de checagem do nosso progresso durante um conteste. Pode parecer óbvio, mas nunca esqueça de trabalhar aquele coisa que parece óbvia e fácil. Eu mesmo já me esqueci de trabalhar o multiplicador PP2 em um conteste!
Operar de uma estação modesta força você a ser um melhor operador. Obriga-te a ser mais inteligente quando em um pileup (força bruta nem sempre
é tudo). Uma colocação inteligente do seu indicativo de chamada no momento certo, naquela calmaria de um pileup, sempre rende bom dividendo. O mais importante é que, uma estação modesta, pode ainda ser muito eficiente durante os picos de atividade.
Aonde posso conseguir mais informações sobre contestes?
Dependendo da sua localização geográfica, existem uns números muito grandes de clubes de contestes em todo o mundo interessados em ganhar novos membros. As revistas QTC Magazine, CQ Contest, CQ Amateur Radio e o Jornal National Contest assim como a Internet são excelentes fontes de informações. Por exemplo: www.contesting.com (acho que o nome dispensa explicações)
NOTA: Este site também é uma excelente fonte de informações
Termos confusos dos Contestes
O
operador de conteste usa um vocabulário um pouco diferente dos outros Radioamadores. Procuraremos analisar alguns termos existentes em inglês e que você vai encontrar nas publicações do gênero internacionais e que são normalmente utilizados pelos operadores de contestes internacionais.
BROKEN CALLS
QSO´s que foram considerados ilegítimos após o término da checagem do Log (relatório). Este tipo de QSO ocorre quando um indicativo de chamada ou uma parte da reportagem é copiado e registrado incorretamente. É raro encontra-se esse tipo de ocorrência na maior parte dos relatórios, seja de operadores novos ou de experientes.
CHECK SHEET
Quase fora de uso por causa dos softwares específicos para contestes como o CT (K1EA) e o NA (N6TR). Você pode usar uma folha de checagem, caso não possua computador, como auxílio e evitar perda de tempo
trabalhando estações e/ou multiplicadores que já foram trabalhados.
CLUB COMPETITION
Clubes de Contestes não só são um modo para conduzir e encorajar operadores novos a competir, mas resultam também em mini competições entre eles. Você verá freqüentemente as pontuações cumulativas de sócios de clubes aparecendo em resultados de competições como o CQ WW, WPX, ARRL DX ou nos ARRL Sweepstakes.
No Brasil ou mais conhecidos são o Araucária DX Group, Tupy e o Guará DX Group.
NOTA DO TRADUTOR: Rio DX Group e Fortaleza DX Group.
DISQUALIFICATION
A maioria dos relatórios enviados pelos participantes são checadas cuidadosamente e sujeitos a desclassificação como em qualquer outro esporte competitivo. Corredores dos 100m rasos, por exemplo, podem ser desclassificados depois da segunda partida em falso. Os novos operadores podem
operar sem nenhum temor. A maioria dos critérios de desqualificação são projetados para identificar abuso flagrante das regras e / ou operação desleal. Cada competição normalmente define seu próprio critério de desclassificação o qual deveria ser lido e compreendido antes do início da competição.
DUPES
Regras de competição e regulamentos geralmente são muito específicos em relação à precisão dos relatórios submetidos. Por exemplo, um QSO de conteste não é considerado válido a menos que a informação mínima (por exemplo, troca de reportagens) seja efetuada entre as estações. Quando uma estação é trabalhada mais que uma vez em uma única faixa (ou em qualquer outra faixa em algumas competições como
o ARRL Sweepstakes), é considerado um QSO duplicado e deve ser
removido do relatório a submissão final do relatório (LOG).
NOTA: em alguns contestes a
não indicação de modo claro que o QSO registrado é duplicata, implica em penalidades.
EXCHANGE
A REPORTAGEM é uma informação predeterminada requerida pelo Regulamento do conteste para ser trocada entre as estações participantes da competição, podendo apresentar diferenças significativas dependendo do Conteste. Alguns exemplos comuns incluem: RS(T) + Número do QSO (por exemplo, 599001); RS(T) + Zona CQ; RS(T) + QTH (País de DXCC, Estado, Município, Seção de ARRL), etc. Esta informação, em adição ao indicativo de chamada é a informação básica exigida para reivindicar-se um QSO como válido.
HIGH-CLAIMED SCORES
Muitos organizadores de contestes publicam uma lista com as mais altas pontuações das estações participantes, em cada categoria, logo em seguida a competição. Isto não reflete nos resultados finais da
competição. São pontuações projetadas, com o único intuito, de fornecer uma indicação dos maiores escores antes da conferencia final dos relatórios recebidos.
MULTI-OPERATOR
Esta é um das categorias operacionais em conteste. Estações de Multi operadores podem usar um único transmissor (por exemplo, categoria multi-single) ou múltiplos transmissores (por exemplo, categoria multi-multi ").
MULTIPLIER
O multiplicador em um conteste é um dos mecanismos utilizados para definir a pontuação final dos competidores. A definição atual de um multiplicador varia dependendo do conteste. No CQ WW, são utilizados como multiplicadores os países da lista do DXCC + Zonas CQ. Outras competições usam Estados norte-americanos ou Municípios, zonas ITU, seções da ARRL, etc. A pontuação final em um contestes é normalmente fornecida pela
multiplicação do total de pontos de QSOs pela soma total dos multiplicador (ver pontos de QSO).
OPERATING PERIOD
Todas as competições especificam um determinado de tempo de operação. As principais competições de DX duram normalmente 48 horas. Algumas limitam o total de tempo operacional para um subconjunto deste período. Além disso, quando você dá um intervalo, você é solicitado freqüentemente pelas regras dos contestes para cumprir um mínimo de tempo de repouso. Confira a regras de cada competição para maiores detalhes.
NOTA: os períodos de descanso devem ser claramente indicados no LOG que é relatório dos qso’s efetuados que deve enviado ao organizador da competição.
OPERATING FREQUENCIES
Oara reduzir o QRM nas faixas, muitos organizadores de contestes sugerem determinadas freqüências de
operação para serem utilizadas durante a competição. Isto é especialmente verdadeiro para eventos especiais como os QSO Party americanos e contestes de pequeno porte. Esta prática normalmente não funciona para grandes eventos como o CQ WW devido ao grande numero de participantes.
QSO POINTS
Muitas regras de competição tentam aplicar um "peso" para QSOs ao computar as pontuações finais. Por exemplo, um QSO válido dentro do seu continente pode valer um (01) ponto, enquanto contatos com outros continentes valem 3 pontos. Geralmente, a pontuação final em contestes é determinada pela soma de todo os pontos de QSO vezes o total de multiplicadores (veja definição de multiplicador). Na prática cada conteste tem uma pontuação diferente do outro.
RATE
A medição da média dos QSO’s trabalhados é um método de
avaliar a velocidade com que você está trabalhando os QSOs durante a competição. É freqüentemente usado como uma medida do seu desempenho e ajuda muito o processo de tomada de decisão para a seleção de faixa / modo em qualquer tempo. As médias normalmente são medidas em uma base de hora em hora (por exemplo, 60 QSOs/hora).
RUN
Esta é uma técnica operacional caracterizada por uma estação de conteste permanecendo em uma única freqüência por um período contínuo de tempo trabalhando as estações que respondem à chamada "CQ Contest ". Pode variar de alguns minutos a várias horas nas quais o operador pode registrar 300+ estações por hora em casos extremos. Embora poderosas estações de contestes tenham maior probabilidade em experimentar este ambiente operacional, estações mais modestas podem experimentar freqüentemente deste estilo de operação em pequenos períodos de
tempo.
"SEARCH and POUND"
Este método de operar é o oposto do RUN.
É caracterizado pela sintonia da faixa para cima e para baixo na procura de novas estações para trabalhar. Este é um modo comum de operação quando a competição tem poucos participantes ou condições de propagação não são boas. Estações menores usam este método operacional mais freqüentemente, como a elas às vezes faltam FORÇA BRUTA para sustentar longos RUNS durante a competição.
NOTA: O termo força bruta refere-se ao uso de amplificadores lineares de potência que podem chegar a 1500W de saída e/ou a utilização de antenas diretivas de alto ganho.
SINGLE OPERATOR
Este é a categoria operacional na qual você opera individualmente (é o oposto do multi-operador). Nos últimos anos, ocorreram mudanças nesta classe, como QRP e ASSISTED (por
exemplo, utilização do rádio de pacote / 2 metros como um modo ajuda para descobrir os multiplicadores necessários).
SPOTTING
Com o advento de rádio pacote, muitos operadores estão cada vez mais se utilizando esta tecnologia para identificar/ informar estações raras para outros competidores. SPOTTING é comum entre membros de Clubes de Conteste entre outros usuários do packet.
Texto original CQ Amateur Radio April/97
K1AR, John Door k1ar@contesting.com
Editor de Contestes da CQ Amateur Radio
Versão em português (autorizada pelo autor)
PP2BT,
Júlio Maronhas pp2bt@yahoo.com.br
1st Class Radiotelegraphist